Nasci de uma mãe alcóólatra e
vivi com ela, meu pai (já doente) e minhas duas irmãs até meus 3 anos de idade,
qdo meu pai faleceu e fui separada e levada para viver numa casa de 4 tias
solteiras, mais velhas, as quais eu não conhecia.Perdi meu pai, minha mãe (que
não me deixaram ver mais) e minhas irmãs sem entender
porque!
Estudei, me formei e arrumei um
emprego aos dezoito anos. Porem minha adolescência foi marcada por alguns abusos
(que se repetiram na fase adulta) e muito conflito de gerações, período em que
comecei a pensar em suicídio e que eu não devia ter
nascido.
Me casei aos 25 anos e tive meu
primeiro filho.
Tudo estava maravilhoso e eu passei a acreditar que seria feliz
para sempre! Mas assim que meu filho nasceu desenvolvi uma depressão pós parto
muito grave que não consegui me curar até hoje. Tinha uma vida financeira
razoável e engravidei de novo ( de gêmeas).De novo ia tudo bem, quando uma das
meninas adoeceu e faleceu um mês e meio depois de
nascida.
Não lembro as datas ou tempos
exatos; só sei que comecei a tomar atitudes loucas, tentei me matar várias
vezese com isso fui matando meu casamento.
Apesar de tudo isso ainda tive
mais um filho.
Mesmo estando cada vez mais
descontrolada achei que as coisas iam bem, pois tinha um padrão de vida que me
permitia me destrair o suficiente para esquecer meus problemas. Meus três filhos
quase morreram quando ainda eram bebês, mas agora estavam mais crescidos e
bem.
Mas a poucos anos acordei com a
notícia que minha irmã havia cometido suicídio. Foi demais o trauma pra mim. Eu
já havia enfrentado um trauma um pouco antes de sofrer um "boa noite cinderela"
e sofrer tentativa de estrupo pela PM e fiquei 3 dias desaparecida para minha
família enquanto estava inconsciente e sem documentos(fui roubada) num pronto
socorro.
Então meus médicos acharam que
era hora d’eu me internar e esquecer um pouco das tragédias me aplicando "ECT"
eletro choque temporal.
Daí em diante foram sucessivas
trocas de remédios, médicos, tipos de tratamento até chegar
aqui
Hoje minha memória é péssima,
mas não esqueci todas as perdas que vivi.
Minha condição financeira é
precária e meu casamento, lógico, acabou sem que sequer enchergasse como fazer
pra resgata-lo.
Tenho tentado sobreviver, mas a
maioria dos dias é difícil. Tenho muito medo do futuro e das
pessoas.
Porém não deixei de buscar
outros relacionamentos, alguma alegria no dia a dia e ainda estou me
tratando.
Meu maior ganho hoje ,(depois
dos meus 3 filhos),é meu netinho de seis meses.
Moro com ele, minha filha e meu
genro.
Quem me conhece hoje talvez só
veja uma mulher cansada e com um desânimo total de sonhar, começar alguma
atividade,sem um esforço mínimo pra preencher seu dia e sua
mente.
Mas na verdade sou
uma "criança" forte o suficiente para tentar querer estar viva, para não seguir
os passos da minha irmã e não ver meu neto crescer.
Minha família, amigos, etc,
afastaram-se todos de mim e perderam a confiança de um dia voltar a ver aquela
menina agitada, cantora, professora dedicada, promessa de modelo ou atriz de
sucesso. E talvez ela não exista mais mesmo.
Mas hoje existe uma menina que
busca o mínimo de carinho e compreensão pra que la cresça e consiga enfrentar de
frente o que DEUS mandar!